A INVENÇÃO DE NATAL | CRÍTICA E ANÁLISE DA NARRATIVA
- Matheus Dantas
- 14 de dez. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de jan. de 2021
Um musical original da Netflix precisava estar aqui nesse blog e, claro, eu não deixaria de assistir e compartilhar sobre essa obra. O filme segue um clichê das produções dessa época, o que agrada tantos os fãs de musicais quanto os que amam as maratonas natalinas. Nesse post eu compartilho um pouco sobre a narrativa de a Invenção de Natal e como a história foi construída.

Sobre o filme
A história é sobre Jeronicus Jangle (Forest Whitaker), um inventor de peças muito diferentes e até mágicas, em certo ponto. Contudo, sua criação mais importante é roubada por seu aprendiz Gustafson (Keegan-Michael Bay), o que o deixa improdutivo e decide se isolar. Anos mais tarde, sua neta Journey (Madalen Mills), decide ajudar seu avô a voltar com as invenções para salvar o Natal da família. Confira o trailer abaixo.
Com roteiro e direção por David E. Talbert, o filme não é inteiramente musical, com um bom equilíbrio entre os diálogos e os números musicais, os quais representam, na maioria das vezes, um desejo interno dos personagens.
Esse post contém spoilers de A Invenção de Natal.
Análise da narrativa
Estudo dramaturgia e gosto de assistir séries, filmes e musicais para entender como as histórias são contadas. Abaixo, compartilho o que estou aprendendo e o que consegui identificar de técnicas de roteiro e alguns pontos interessantes sob essa perspectiva da narrativa.
O filme começa com uma avó convidando seus netos para contar uma história de natal, o que é uma ideia que fica plantada logo no início; nesse momento, as perguntas que são feitas pelos expectadores são: quem é essa mulher e porque ela escolhe contar especificamente essa história. Isso é possível identificar ao longo do filme, mas mas a revelação, de fato, só acontece no final.

Assim, essa produção segue uma estrutura mais clássica, ou seja, um protagonista que passa por uma transformação durante a trama para ensinar uma mensagem. Isso é feito a partir de alguns pontos:
Problemática de caráter: Jeronicus perdeu sua confiança e não acredita em si mesmo, o que o impede de inventar novas peças. Journey também divide esse protagonismo, mas ela é a própria agente de transformação, ou seja, é por meio dela que as coisas mudam.
Objetivo principal e obstáculo: O inventor corre o risco de perder sua loja de brinquedos, pois sem criar, não consegue vender e, consequentemente, não pode pagar as contas. Ou seja, o que ele busca é justamente salvar seu negócio.
Conflito principal: Jeronicus precisa voltar a inventar para conseguir vender novas peças e, assim, salvar sua loja.
É nesse momento que ele conta com a ajuda de sua neta, que também tem a mesma habilidade de invenção. E como em muitos filmes de natal, a trama nesse momento repete o que já conhecemos: Jeronicus não está contente com a presença de Journey em sua casa (ele também não a conhecia até então), mas após uma série de situações, os dois criam um relacionamento mais positivo.

A narrativa não desenvolveu grandes destaques, o que invariavelmente levou a uma "perda" do conflito principal, já que a questão de perder a loja deixou de ser o foco em detrimento de Jeronicus voltar a inventar; no filme, a urgência por novas criações tem um motivo, mas é justamente isso o que fica de lado. É claro que uma coisa precisa da outra, mas esse sentimento de "o tempo está acabando" (com o prazo para o pagamento das contas), apresentado nos primeiros minutos, não fica presente o tempo todo.
Dessa forma, quando o conflito foi resolvido, isso acontece de maneira rápida e simples, através de uma única fala de Journey que conta o que fez e, assim, os demais personagens conseguem prender Gustafson. Essa resolução poderia ter sido melhor elaborada, incluindo, de repente, uma reviravolta, de forma a acompanhar a qualidade dos números musicais. Esse foi o principal ponto narrativo do filme que destaco nessa análise.
Da mesma maneira, nos minutos finais há um plot-twist de revelação sobre quem é a mulher do início do filme. Ainda que previsível, especialmente por ser uma ideia já conhecida, não deixa de emocionar e fazer vale a pena. A mensagem que fica é a de que tudo é possível desde que você acredite.
É um musical
Originais de John Legend, Philip Lawrence e Davy Nathan, as músicas fazem parte da narrativa do filme, com muitas "I wish songs", que são aquelas que representam o objetivo principal do personagem. Os números realmente foram muito bem trabalhados, com bastante semelhança de outros musicais da Broadway, como "The Greastest Showman", "Mary Poppins" e "Peter Pan", através de coreografias bastante empolgantes.
É preciso destacar a dublagem, que contou com nomes conhecidos do teatro musical brasileiro:
Jeronicus - Rodrigo Mialleret
Journey - Maria Clara Rossis
Joanne - Luci Salutes
Vitor Moresco - Jeronicus Jovem
Don Juan Diego - Thiago Machado
Srta. Johnston - Letícia Soares
De forma geral
O filme se destaca pela fotografia e pelos números musicais, mas também, e principalmente, pelo protagonismo preto, com os personagens principais interpretados por atores pretos. Além de todo o visual, é um filme que recomendo e que vale a pena conhecer.
Agora é sua vez: o que você achou do filme? Você gostou das músicas e das coreografias?
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